quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Evolução vs Design inteligente II: Evolução Natural de Estruturas Complexas

Na realidade, o que é o design inteligente? o que é que explica e o que é que não explica? A hipótese do Design Inteligente é a proposta baseada no argumento da complexidade irredutivel  de que certos sistemas são demasiado, irredutivelmente complexos para terem evoluido, isto é surgido naturalmente, tendo sido necessária a acção de um designer inteligente.
A Teoria da Evolução inclui alguns modelos explicativos do surgimento de certas estruturas referidas na 'Caixa Preta de Darwin'. Uma resposta a certas alegações específicas do autor relativamente a determinadas estruturas.

Como é que a hipótese do D. I. é definida pela National Academy of Science? Aqui está:

“(Os proponentes do D.I.) sustentam que o universo físico e os seres vivos mostram evidências de "design inteligente". Eles argumentam que certas estruturas biológicas são tão complexos que não poderiam ter evoluído por processos de mutação e seleção natural sem direção, uma condição que eles chamam de "complexidade irredutível". Repetindo argumentos teológicos que antecedem a teoria da evolução, eles argumentam que organismos biológicos devem ser concebidos da mesma forma que uma ratoeira ou um relógio - que, para que o dispositivo funcione corretamente, todos os seus componentes devem estar disponíveis simultaneamente. Se um componente está em falta ou alterado, o dispositivo não funciona corretamente. Porque mesmo esses "simples" estruturas biológicas como o flagelo de uma bactéria são tão complexas, que os defensores do design inteligente argumentam que a probabilidade de todos os seus componentes a serem produzidos e disponíveis simultaneamente através de processos aleatórios de mutação é infinitamente pequena. O aparecimento de estruturas biológicas mais complexas (tais como o olho do vertebrado) ou funções (tais como o sistema imunitário) é impossível por meio de processos naturais, de acordo com este ponto de vista, e assim, deve ser atribuído a um design transcendente inteligente.

Isto é o que afirma a hipótese do D.I.

Porque é que o argumento da complexidade irredutivel - o unico argumento a favor do Design Inteligente de entidades biológicas - é descartado por uma maioria da comunidade cientifica?

Aqui está uma resposta simplesmente resumida - também da National Academy of  Science:

“Os biólogos examinaram cada um dos sistemas moleculares que (Michael Behe) alegou serem os produtos de design e mostraram que estes poderiam ter surgido através de processos naturais. Por exemplo, no caso de o flagelo bacteriano, não existe uma estrutura única e uniforme, que é encontrado em todas as bactérias flagelares. Existem muitos tipos de flagelos, nalgumas espécies mais simples do que outros, e muitas das bactérias não possuem flagelos. Deste modo, outros componentes de membranas de células bacterianas são provavelmente os precursores das proteínas encontradas em vários flagelos. Além disso, algumas bactérias injetam toxinas noutras células através de proteínas que são secretadas pela bactéria e que são muito semelhantes na sua estrutura molecular ás proteínas em partes de flagelos (o caso de Y. Pestis). Esta semelhança indica uma origem evolutiva comum, em que as alterações na estrutura e na organização das proteínas secretoras podem servir como base para as proteínas flagelares. Assim, as proteínas flagelares não são irredutivelmente complexas.
Os biólogos evolucionistas também demonstraram como complexos mecanismos bioquímicos, tais como a coagulação do sangue ou o sistema imunitário dos mamíferos, podem ter evoluído a partir de sistemas mais simples, de precursores mais simples. No caso da coagulação do sangue, alguns dos componentes do sistema de mamíferos estão presentes em organismos anteriores, como demonstrado pelo organismos vivos de hoje (tais como peixes, répteis, pássaros e) que descendem de precursores destes mamíferos  (exemplo da descoberta do precursor do fibrinogénio (menos complexo, com funções menos complexas, mas claramente relacionado em ‘ancestralidade’ com este).
Os genes Hox são um excelente exemplo de evolução encontrar novos usos para os sistemas existentes. Os biólogos moleculares descobriram que um mecanismo particularmente importante através do qual os sistemas biológicos adquirem funções adicionais é a duplicação de genes. Segmentos de ADN são frequentemente duplicado quando as células se dividem, de modo que uma célula tem cópias múltiplas de um ou mais genes. Se estas várias cópias são transmitidas à descendência, uma cópia de um gene pode ter a função original numa célula, enquanto a outra cópia é capaz de acumular mudanças que acabam por resultar em uma nova função.
Os mecanismos bioquímicos responsáveis ​​por muitos processos celulares mostram clara evidência de duplicações históricas de regiões do DNA (actualmente sabe-se que regiões de controlo de expressão estão também envolvidos no aparecimento de estruturas complexas).
Além das suas falhas científicas (não existe nenhuma estrutura irredutivelmente complexa), estes argumentos criacionistas são falaciosos, pois são baseados numa falsa dicotomia (ou analogia). Mesmo se os seus argumentos negativos contra a evolução estivessem correctos, estes não apoiam reivindicações dos proponentes. Poderiam existir repostas alternativas. (Falácia do argumento da ignorância).


Grueninger D, Treiber N, et al (2008) realizaram um estudo -  'Designed protein-protein association' (Science, 2008), que demonstrou que o facto em que a obra ' O limite da evolução' se centra - que os locais de ligação proteína-proteína muito provavelmente foram desenhados, pois a possibilidade de terem surgido  naturalmente era muito reduzida - não é um facto: os autores do estudo conseguiram produzir esses locais de ligação em alguns casos com apenas uma mutação.

Neste artigo, também publicado na revista Science:
Carroll, Sean (2007-07-08). "Evolution: God as Genetic Engineer". Science 316 (5830): 1427–8. DOI:10.1126/science.1145104. http://www.sciencemag.org/cgi/content/full/316/5830/1427. Retrieved 2007-09-19, ficou também demonstrado que os locais de ligação proteína-proteína não podem ser designados de irredutivelmente complexos.

Não existe tal coisa como complexidade irredutivel nos organismos vivos.

Muitas das críticas e revisões da 2ª obra de Behe afirmaram que o livro não trazia nada de novo desde 'A caixa Preta de Darwin' digno de menção.

Os modelos evolutivos podem por vezes estar incompletos, no entanto, as evidencias mais uma vez estão a favor da evolução natural. Se o modelo evolutivo é incompleto, o modelo do D. I. é um 'vazio', pois este nada explica - não explica a origem e natureza do designer, não elabora modelos explicativos de como as estruturas em causa teriam sido concebidas e não apresenta evidencias de que o processo de projecção e cpncepção tenha ocorrido, mas sim um argumento ao mesmo tempo falso e falacioso denominado complexidade irredutivel.

Na melhor das hipóteses, o design inteligente é uma hipótese cientifica que surgiu na década de 1990 e que actualmente não é mais credível do que o lamarkismo ou a geração espontanea aristotélica (Dawkins, 2007). No entanto, muitos cientistas consideram que , nas palavras exactas de J. Coyne ao referir-se ao D. I., "Pode haver religião sem criacionismo, mas não pode haver criacionismo sem religião", ou seja, os motivos que levaram á elaboração de tal hipótese, para certos cientistas foram religiosos (Coyne, 2009).


Referencias:

Grueninger D, Treiber N, et al (2008). Designed protein-protein association. Science 319 (5860) 206–209

Carroll, Sean (2007-07-08). "Evolution: God as Genetic Engineer". Science 316 (5830): 1427–8.


M. J. Behe - 'Darwin's Black Box' (1996), Free Press (New York) 


Science, Evolution, and Creationism, National Academy of Sciences and Institute of Medicine. 2008 National Academy of Sciences (Disponível em: http://www.nationalacademies.org/evolution/IntelligentDesign.html)


Dawkins, Richard (July 1, 2007). "Inferior Design". New York Times.





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