sexta-feira, 12 de abril de 2013

Deus e “O Dragão Na Minha Garagem”


“O Dragão Na Minha Garagem”

“Um dragão que cospe fogo vive na minha garagem.


Suponhamos que eu faça seriamente essa afirmação. Com certeza iria querer verificá-la, ver por si mesmo. São inumeráveis as histórias de dragões no decorrer dos séculos, mas não há evidências reais. Que oportunidade!

- Mostre-me – diz. Eu levo-o até à minha garagem. Você olha para dentro e vê uma escada de mão, latas de tinta vazias, um velho triciclo, mas nada de dragão.

- Onde está o dragão? – Pergunta.

- Oh, está ali – respondo, acenando vagamente. – Esqueci-me de lhe dizer que é um dragão invisível.

Propõe espalhar farinha no chão da garagem para tornar visíveis as pegadas do dragão.

- Boa ideia – digo eu –, mas esse dragão flutua no ar.

Então, quer usar um sensor infravermelho para detectar o fogo invisível.

- Boa ideia, mas o fogo invisível é também desprovido de calor.

Quer borrifar o dragão com tinta para torná-lo visível.

- Boa ideia, só que é um dragão incorpóreo e a tinta não vai aderir.

E assim por diante. Eu oponho-me a todos os testes físicos que propõe com uma explicação especial de “por que não vai funcionar”.

Qual a diferença entre um dragão invisível, incorpóreo, flutuante, que cospe fogo atérmico, e um dragão inexistente? Se não há como refutar a minha afirmação, se nenhuma experiência concebível vale contra esta, o que significa dizer que o meu dragão existe? A sua incapacidade de invalidar a minha hipótese não é absolutamente a mesma coisa que provar a veracidade dela. Alegações que não podem ser testadas, afirmações imunes a refutações não possuem carácter verídico, seja qual for o valor que possam ter por nos inspirar ou estimular nosso sentimento de admiração. O que eu estou a pedir é apenas que, na ausência de evidências, acredite na minha palavra.”

O texto acima é da autoria de um comentador do blog “Darwinismo” que assina “Carlos”, passado do português do Brasil para o português de Portugal. É claro que os criacionistas que o leram não entenderam a analogia com deus (ou fingiram que não entenderam). Isto é basicamente o que os crentes fazem relativamente ao seu deus, que aqui corresponde ao dragão invisível.


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