domingo, 14 de julho de 2013

Evolução de baratas

Actualmente existem cerca de 4000 espécies de baratas que têm diversos habitats (florestas, desertos,…) e apenas 1% das baratas vivem entre os humanos, encontrando-se apenas uma espécie a viver exclusivamente entre humanos e em construções humanas: a barata alemã (Blattella germanica).
Em 1980, fabricantes começaram a fazer iscos de baratas com glicose (doce) combinado com insecticidas mortais. Em 1993, muitas populações de baratas de alguma forma desenvolveram uma aversão ao isco. Agora, 20 anos depois, em 2013, os cientistas finalmente entendem como as baratas venceram essas armadilhas.
Acontece que a glicose faz disparar os receptores amargos dos insectos. Esta característica espalha-se rapidamente pela população pois quem sobrevive ao veneno é quem vive para se reproduzir, espalhando assim os seus genes. Alguns cientistas colocaram uma hipótese em que as mudanças no sistema gustativo periférico são responsáveis ​​pela aversão á glicose. Em ambos os tipos de baratas – tipo selvagem e com aversão á glicose (GA), a D-frutose e a D-glicose estimulavam os neurónios receptores gustativos de açúcar (GRNs), enquanto que a cafeína estimulou os receptores amargos. Em contraste, nas GA, a D-glicose também estimulou os receptores amargos e suprimiu as respostas á outra estimulação. Assim, a D-glicose é processada tanto como um um estimulante para morder o isco, como um “alerta” para as dissuadir de comerem o isco. Nas GA, esta capacidade recém-adquirida provocou a evasão das baratas ao veneno em várias populações de baratas alemãs. (1) Mais um exemplo de evolução por selecção natural.
Coby Schal, um entomologista urbano na Universidade Estatal da Carolina do Norte (E.U.A.) e co-autor do estudo onde a hipótese anteriormente mencionada foi proposta comentou a situação do seguinte modo: “Quando arranjamos qualquer coisa, elas arranjam uma adaptação para sobreviver.” (2)


Por puro gozo fui ver o que os criacionistas disseram no AIG e, tal como eu previa, eles disseram que continuavam a ser baratas (what else is new?) e que isso não era evolução de moléculas para pessoas (3). De moléculas para pessoas não, mas o mecanismo básico, por exemplo de peixes para pessoas é o mesmo: selecção natural. «Mas continuam a ser baratas!» E o que é que queriam que fossem? Passarinhos?


Referências:


  1. http://www.sciencemag.org/content/340/6135/972
  2. http://io9.com/how-pesticides-pushed-cockroaches-into-rapid-evolution-509398746
  3. http://www.answersingenesis.org/articles/2013/06/01/conquering-cockroaches

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